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domingo, 20 de novembro de 2011

O diagnóstico


Outro dia o vi entrando pela porta daquela sala de aula tão entediante e familiar, você estava concentrado na letra da música que tocava em seu ipod, tentando falhamente acompanhar cantando baixinho. Eu achei bonitinho o jeito que se enrolou para cantar em inglês e reparei que a letra era uma linda declaração. Olhei seu perfil e desviei o olhar quando você reparou que estava sendo observado, mas não deixei de admirar seu olhar. Senti meu coração acelerar, morri de medo de ter um infarto, eu era nova e saudável para isso. Mas como passou logo depois de você sair de perto, não procurei o médico. Eu já sabia que a causa era você. Você me deixava doente.

Meu cérebro me dizia para ficar longe, mas meu coração passou a comandar meus membros e me levou até onde você estava. Minhas pernas ficavam molengas e minhas mãos suavam frio. Eu queria sair correndo para a enfermaria, mas você era tão legal que eu ficava. Passei a me acostumar com os sintomas que sua presença me causava. Eu podia desmaiar, mas não existia a possibilidade de eu conseguir ficar longe do seu sorriso.

Eu fiquei com medo no dia em que você me apresentou à sua namorada. Ela era tão bonita, com o cabelo perfeito, o corpo perfeito, o rosto perfeito, tudo perfeito. Você nunca havia me contado que namorava! E percebi o quão desconfortável você ficou atrás dela, com um sorriso torto. Quando você segurou a mão dela, senti falta de algo para apertar. Parecia que eu havia caído em um buraco sem fundo. Eu me senti vazia. Quando seus olhos brilharam ao olhá-la e vocês entraram em seu próprio mundo, minha garganta começou a fechar, meus olhos a arder e meu coração, ao contrário das vezes anteriores, parou. Fiquei assustada e me despedi apressadamente, correndo para o banheiro. Lá a garganta ficou tão áspera e os olhos ardiam tanto que comecei a vazar. Eu estava chorando. Mas por quê? A dor era tão insuportável?

Liguei para a minha mãe e disse que eu estava com um problema no coração e precisava urgentemente ir ao médico. Ela marcou uma consulta no cardiologista e saiu mais cedo do trabalho para me acompanhar. No médico, fiz uma bateria de exames e respondi as perguntas do doutor. No final, ele olhou para mim surpreso e eu fiquei ansiosa para saber o que eu estava sentindo. Ele me deu o papel do diagnóstico e lá estava escrito: amor. Ah, droga!